domingo, 22 de junho de 2008

Vamos revolver a lama - 10 anos sem Chico Science

* Carlos Lustosa Filho

Há dez anos morria Chico Science, um cara que deu uma chacoalhada na música brasileira, talvez a maior desde o tropicalismo e a mais importante até os dias atuais. Pra quem é deste país, a batida do mangue é algo familiar ou que, no mínimo, já foi ouvida. “Anamauê, auêa, aê”, quem não conhecer esses versos vocálicos, que atire a primeira bola de lama.

Devo fazer um mea culpa. Não conhecia bem o mangue (salvo os hits) até o ano passado, quando sem-ver-nem-pra-quê comecei a baixar os CDs e escutar sistematicamente as músicas. Tudo em virtude da vinda à Teresina do Mestre Salustiano, o Salu que influenciou a musicalidade do idealizador do Manguebeat, que dedicou-lhe a música “Salustiano song” e os versos “segura o baque do Mestre Salu” em ”Cidadão do Mundo”.
Aconselho uma escutada atenta :
“Samba Makossa” e “Maracatu de Tiro Certeiro” do primeiro trabalho (Da lama ao caos – 1994),
“Macô” e “Cidadão do Mundo” (Afrociberdelia – 1996),
“Quando a Maré encher” (Rádio S.AMB.A – 2000, o primeiro em estúdio sem Chico),
“Meu maracatu pesa uma tonelada” - massa demais - (Nação Zumbi – 2002),
“Samba do Lado” e “Pout-porri: Da lama ao caos e Umbabarauma” (Propagando – 2004), A Ilha (Futura - 2005).

Isso sem contar nas clássicas “A Praieira”, a setentista-tropicalista “Maracatu Atômico”, “A Cidade” e “Todos estão surdos”. É coisa demais, meu amigo e da melhor qualidade!


O Arauto e a Nação que extrapolou o maracatu

Chico, ou melhor Francisco de Assis França, mais conhecido nascido em 13 de março de 1966 morreu em 2 de fevereiro de 1997 quando perde o controle do automóvel que dirigia e bate num poste, é socorrido ainda com vida, mas falece a caminho do hospital. Morria o mestre-guia-caboclo-de-lança do movimento, mas não morria a sonoridade que misturava funk, soul, rap, eletrônico e ritmos regionais com um sotaque completamente pernambucano. O Nação Zumbi continua firme e forte até hoje. A banda atualmente tem seis integrantes: Lúcio Maia, Gilmar Bola Oito, Toca Ogan, Jorge du Peixe, Alexandre Dengue e Pupillo, que entrou no lugar de Canhoto. Gira, um dos componentes originais, saiu do grupo, foi substituído por Marcos Matias. O último disco da banda – Futura lançado em 2005 pela Trama - é cheio de funk, soul, samba-rock e dub, mistura da boa pra ninguém botar defeito.

Pra quem quer mergulhar de cabeça na lama de Chico Science e da Nação Zumbi tem que ler o super especial feito pelo recifense Jornal do Commercio.

Imperdível.


Agora o primeiro clipe do CSNZ:





Se depois de ouvir esses sons e ler toda a overdose de informações (vai no link lá de cima) o mangue não impregnar em você, é melhor virar caranguejo.

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