domingo, 22 de junho de 2008

Caetano Experimental

Carlos Lustosa Filho

Coluna de quarta, 18/04/2007

 

 

Nesta semana, como não poderia deixar de ser, até mesmo pela proximidade da sua chegada, vou falar um pouco sobre Caetano Veloso. Mas não o Caetano-rock de .Nem o Caetano de “Você é linda”, “Meia-lua-inteira” e “Luz do Sol” – ou seja, das novelas – que  eu cresci escutando. Quero falar do Caetano real, que existiu e que ainda é perceptível no atual – ainda que queira se provar o contrário... Quero falar do Caetano dos primeiros tempos, o experimental, o rebelde, o “transgressor-raizista” (outro neologismo – hehehe), que eu tinha conhecimento da existência mas que só acabei descobrindo realmente há pouco tempo.


 


Quero me centrar em dois discos que eu gosto muito mesmo da carreira do filho de Dona Canô: Caetano Veloso de 1969 e Araçá Azul de 1972. Aquele foi o segundo disco solo do artista (o primeiro da carreira, Domingo, dividido com Gal Costa, foi gravado em 1967) e um dos meus preferidos. Na época, Caetano e o amigo Gil foram recém-libertados pelos militares, mas estavam proibidos de sair de Salvador/BA. Tudo isso resultou num álbum inconformado com canções que pediam liberdade como “Irene” – “quero ver Irene rir/ quero ver Irene dar sua risada” e resgates de cultura local e ibérica, por assim dizer, com a versão guitarrada de “Marinheiro Só” e a belíssima execução do fado “Os Argonautas”.


 


Araçá Azul traz a pujança de um experimentalismo tropicalista que chegou ao ápice. As faixas são longas, rompendo com o tempo das música feitas para tocar em rádio, e com uma pitada de coisas estranhas, como silêncios e conversas. Na época, várias pessoas que compraram o disco devolveram-no em seguida, pelo estranhismo gerado. Há também vários samplers (acho que o termo nem existia ainda...), com direito a Dona Edith do Prato e tudo! Aconselho uma ouvida especial em “Conversa/Cravo e Canela” que contém a música do clássico disco do Clube da Esquina na voz de Caetano.


 


Para encerrar, essa “rapidinha”, aconselho uma busca ao discos da Gal de 1969 (homônimo) e de 1972 (A Todo Vapor); Panis et Circensis (1968) e o Caetano de 1971 (Transa – com uma versão de “Asa Branca” e outra de “Maria Bethânia” excelentes).


 


 


 


 Caetano Veloso


 




  1. "Irene" (Caetano Veloso) – 3:48


  2. "The empty boat" (Caetano Veloso) – 4:15


  3. "Marinheiro só" (Caetano Veloso) – 3:29


  4. "Lost in the paradise" (Caetano Veloso) – 3:27


  5. "Atrás do trio elétrico" (Caetano Veloso) – 2:45


  6. "Os argonautas" (Caetano Veloso) – 2:47


  7. "Carolina" (Chico Buarque) – 2:38


  8. "Cambalache" (Enrique Santos Discépolo) – 2:31


  9. "Não identificado" (Caetano Veloso) – 4:03


  10. "Chuvas de Verão" (Fernando Lobo) – 2:51


  11. "Acrilírico" (Rogério Duprat, Caetano Veloso) – 3:01


  12. "Alfômega" (Gilberto Gil) – 5:58

 


Araçá Azul


 


 




  1. "Viola, meu bem (canta Edith Oliveira)" (anônimo) – 0:49


  2. "De conversa/Cravo e canela" (Caetano Veloso) – 5:44


  3. "Tu me acostumbraste" (Frank Dominguez) – 4:50


  4. "Gilberto misterioso" (Caetano Veloso) – 1:20


  5. "De palavra em palavra" (Caetano Veloso) –


  6. "De cara/Eu quero essa mulher" (Caetano Veloso) – 4:13


  7. "Sugar Cane Fields Forever (participação de Edith Oliveira)" (Caetano Veloso) – 10:15


  8. "Júlia/Moreno" (Caetano Veloso) – 3:18


  9. "Épico" (Caetano Veloso) – 4:06


  10. "Araçá azul" (Caetano Veloso) – 1:20

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