domingo, 22 de junho de 2008

Uma pausa para a dança


Carlos Lustosa Filho


Coluna semanal de quarta, 11/04/2007


 


Esta semana, queria dar um tempo na exposição de músicas para falar sobre os reality shows de dança, que acabam envolvendo música, não é verdade?


 


Bem, de uns tempos para cá, a tevê brasileira parece ter se rendido a esse tipo de quadro/programa. O fato é que nem uma destas produções brazucas chega aos pés da americana “Dancing With The Stars” (e olha que eu sou um cara que não tem nada de americanófilo - acabei de inventar essa palavra). Mas não é um elogio ao léu. Confira o vídeo e me diga o contrário.


 


 


Dancin with the stars, terceira temporada, profissionais



 


 


Dancin with the stars, 4ª temporada, 1ª semana - Cheryl Burke (profissional) e Ian Zering (ator de Barrados no Baile, lembra dele? - os famosos dos EUA são meio-famosos... hehehe)



 


A onda deste tipo de reality começou na verdade na Inglaterra com o “Strictly Come Dancing” da BBC One em 2004. Daí o formato foi copiado por inúmeros países entre eles, Israel, Chile, Austrália, Croácia, Itália, Noruega, Polônia... e claro, Brasil, sendo que aqui foi produzido tanto pela rede Globo como quadro no Domingão do Faustão, quanto pelo SBT com o nome de Bailando por um sonho, nome copiado das emissoras latinas (O programa se chamou “Bailando por la boda de mis sueños” na e “Bailando por um sueño” no México – na verdade no México eles bailaram por muitas coisas, não só pelo ‘casamento dos sonhos’ – e na Argentina, respectivamente, por exemplo).


 


Um ano depois do debut nas telas dos ingleses, o programa passou para os EUA e, destes que eu vi – e olha que com esse youtube a gente vê é coisa... – é disparado o melhor. Tanto em produção, quanto em edição e no que é mais importante: na dança dos dançarinos (com o perdão do eco-eco-eco...).


 


Diferente daqui no Brasil, lá o apresentador é simpático, deixa o artista falar – me perdoem os que só lembraram do Faustão em termos de não deixar ninguém falar, mas o Silvio Santos tá sendo inconveniente ao quadrado nas interrupções e cortes que ele faz... sem contar no “eu me remexo muito” da programação do SBT... (isso não tem muito a ver com o tema....) 


 


Mas tentando deixar isso de lado – como se fosse possível... vamos ver como se saem as duplas. As do Faustão e do Silvio, não conseguem fazer algo limpo, belo, plástico e que seja dança, como fazem os estadunidenses... Os norte-americanos utilizam a base do “ballroom”, a dança de competição, ou esportiva, popular lá fora, enquanto aqui, os brasileiros se baseiam nos shows, em espetáculos, esquecendo que a beleza da dança a dois não está nos passos aéros tipo pega-a-mulher-roda-joga-pra-cima-apara-na-mão-passa-pelas-costas-e-depois-pelas-pernas, mas sim na sintonia entre o par, na precisão, no ritmo e não só no sorriso que a atriz dá.


 


O que eu gostaria de ver não é a imitação do programa americano. Mas um maior empenho dos dançarinos brasileiros em seguirem certas características dos ritmos dançados. Uma beleza não-irresponsável (não seguir certos pontos fundamentais de um ritmo parecem para eles ser inovação...) na dança; afinal não se pode transgredir o que não é nem entendido ou executado corretamente. Acho que podemos utilizar nossos ritmos próprios também, como a lambada, o brega-calipso, o forró (baião, xote, côco), gafieira, de uma forma tão bela como os europeus/americanos fazem com o foxtrot, paso doble, rock (jive). É só um pouquinho de esforço. Podemos ser a nação que melhor faz realitys de dança. Ritmo temos (e somos bons em qualquer um que surgir), dançarinos também, música, nem se fala. Talvez o que falte é um pouco mais de liberdade, empenho e um pouco menos de faustãossilviossanticidade...

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