domingo, 22 de junho de 2008

Música para ler

Carlos Lustosa Filho

Coluna semanal de sexta, dia 18/08/2007

 

 


Esta semana gostaria de indicar três livros que muito me agradaram a leitura e me ajudaram a compreender melhor o cenário musical brasileiro. Lógico, que são leituras diferentes, autores diferentes, estilos diferentes. Mas são três livros supimpas e acho que bons para quem quer mergulhar nesse mundo fabuloso da MPB. Vou listá-los por ordem de acessibilidade de texto:


 


Noites Tropicais – Nelson Motta


 


A visão que eu tinha de Nelson Motta – e ainda conservo um pouco – é a de que ele é um bom vivant, muito simpático, por sinal, mas meio playboy e um tanto americanófilo... Essa imagem se modificou. Já vinha achando ele esquisito depois de ter produzido o show MTV da Daniela Mercury, descobrir que ele era parceiro do Lulu Santos e por entrevistas nas quais ele declarava amor à música eletrônica. Avançadinho, ele.


 


No livro Noites Tropicais o Nelsinho fala de suas memórias musicais, alucinógenas, amorosas e como ele esteve inserido no mundo da MPB desde a bossa até os anos 90. O texto de Motta é meio truncado no começo, mas flui imensamente no final. As fotos são muito bacanas históricas mesmo, sem contar no humor que recheia a publicação. É um boa leitura introdutória.


 


 


Chega de Saudade – Ruy Castro


 


Este livro relata, como o subtítulo sugere, “a história e as histórias da Bossa Nova”. Mas vai além, fala de artistas famosos de outras áreas, traçando um panorama da música tupiniquim da primeira metade do século XX.


 


Ruy Castro às vezes centra um pouco a narrativa em cima de João Gilberto – óbvio – sobretudo no início do livro, mas deixa escapar umas criticazinhas no meio, talvez pra mostrar que não se trata de um fã ardoroso.


 


O legal do livro é mostrar como um dos movimentos mais importantes do Brasil se formou, firmou, arrumou desavenças, perdeu o fôlego, voou para os Estates e ganhou o mundo – não necessariamente nessa ordem. É o primeiro dos três em ordem cronológica.


 


 


Verdade Tropical – Caetano Veloso


 


Bicho, esse livro aqui é bem doido. Primeiro porque fala da tropicália e da vida do Caetano, numa espécie de biografia – o que por si só já constataria um pouco de insanidade; depois porque é cheio de referências filosóficas e artísticas o que requer um background knowledge bem grande. De Andy Warhol a Bridgite Bardot, tudo passava pela cabeça caleidoscópica de Caetano.


 


O texto não é muito fluido, mas as passagens divertidas e meio confessionais prendem o leitor. E para os piauienses de bandeira na testa que queiram saber, ele fala bastante e elogia Torquato Neto ressaltando a sua importância ideológica no movimento, o que nos deixa ainda mais com a pulga atrás da orelha sobre o porquê do suicídio do nosso poeta-mor (falo de maneira geral). Fora as loucuras e aventuras vividas pelo grupo tropical.


 


Enfim...


 


Queria fazer apenas uma rápida resenha de cada um. Não posso contar o desfecho, porque esses livros ainda não acabaram. E olha que a história da MPB parece estar passando por um capítulo importante. Quem escreverá estas páginas? Já estou com vontade de ler...

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