domingo, 22 de junho de 2008

Sim, Vanessa da Mata!

Carlos Lustosa Filho

Coluna semanal de quarta, dia 30/05/2007

 

 


Ela está de volta Vanessa da Mata Aiaiai etc. Brincadeirinha... Após três anos sem gravar, a compositora e cantora (ou cantautora, como dizem os hispânicos) está de volta. E com um bom disco.


 



 


“Sim” lançado três anos depois de “Essa boneca tem Manual” (2004) cujo grande sucesso (só em 2006!) foi a versão house de Ai, ai, ai (não vá dizer que já esqueceu...), traz a marca “da Mata” com referências e coros que parecem tirados de músicas folclóricas de roda, uma poesia feminina, bonita e acessível, melodia simples sem ser medíocre. Isso sem contar ainda a voz docinha e suave, quase de falsete que a moça tem, bem trabalhada nas 13 canções que compõem o disco.


 


Ritmicamente, Vanessa largou de mão o samba à Jorge Ben – para mim, a marca do CD anterior – e traz um leque incrível de referências: reggae em Vermelho (faixa 1) e Ilegais (10), afoxé em Baú (3), reggaton-guitarrada/carimbó Pirraça (6), disco 70 com rock indie oitentista Você vai me destruir (7) – grande candidata a ser remix –, samba Quando um homem tem uma mangueira no quintal (11) – muito legal, por mim viraria D’n’B –, bolero Meu Deus (12) e uma espécie de Bossa-baião com referências de jazz (minhas deinições são muito pessoais hehehe) Fugiu com a novela (2). Bom, essas são só as mais perceptíveis... Aliás o reggae é uma influência primordial na carreira da moça. Aos 16 anos ela cantou numa banda dedicada ao ritmo formada apenas por mulheres, a Shalla-Ball e depois excursionou com o grupo jamaicano Black Uhuru.


 


 



Vale destacar ainda uma música “politicamente correta, sem ser chata”, Absurdo (8), onde a cantora faz um desabafo musical de sua visão sobre a situação atual da natureza. Há também um belo dueto com o cantor estadunidense Ben Harper Boa Sorte/Good Luck (4) e a romântica Amado prováveis trilhas de personagens dos folhetins eletrônicos. Aliás, Vanessa, que além de estourar com Ai, ai, ai já teve outras músicas em novelas, parece ter gostado de fazer sucesso junto à massa da população. Antes de conhecer o sucesso das grandes rádios, a cantora tinha um trabalho interessante, reconhecido e gravado por nomes como Maria Bethânia (O Canto de Dona Sinhá) e Chico César (A força que nunca seca) para citar apenas alguns, mas sem muito apelo pop. Era considerada “cult”. Em entrevistas recentes, a mato-grossense não nega seu prazer em cantar para multidões, mas afirma ter compromisso primeiro com a música e não com o sucesso.


 


Participações em “Sim” são inúmeras, além de Ben Harper, Sly & Robbie – famosa dupla jamaicana que está em cinco faixas, nomes da MPB como João Donato, Wilson das Neves, Don Chacal e um time da nova geração, como o baterista Pupillo (Nação Zumbi) e os guitarristas Fernando Catatau (Cidadão Instigado), Pedro Sá e Davi Moraes.


 


 


 


"Sim" de várias formas



As músicas do novo disco de Vanessa da Mata podem ser compradas em diversos formatos. Dia 28 de maio, chegam às lojas o CD "Sim" e o CD Zero. Baseado nos antigos compactos com uma, duas ou até quatro faixas, o CD Zero traz cinco músicas ao preço econômico de R$9,99: “Boa Sorte/Good Luck”, “Baú”, “Quem irá nos proteger”, “Quando um homem tem uma mangueira no quintal” e “Pirraça”. Ela é a primeira artista da SONYBMG que experimenta o formato.

Em junho, estarão à venda o CD “Sim” em conjunto com o DVD “Minha Intuição”, um documentário dirigido por Bruno Natal. O filme acompanha toda a produção do disco: das viagens a Jamaica às sessões de gravação no Rio de Janeiro. Ainda é possível comprar as músicas digitalmente pela internet nas lojas especializadas.


 


Querendo bancar o futurólogo, posso dizer que Vanessa da Mata não vai deixar de tocar nas rádios, com “Sim”, talvez não tanto quanto ela já tocou com Ai, ai, ai, mas ao menos como Eu sou neguinha e  Não me deixe só.


 


 

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